Em 1º de junho de 2017 foi lançado o Moto Z2 Play, aparelho celular da Motorola totalmente desenhado no Brasil e pensado para todo o mundo.
O novo aparelho possui 5.99 mm de espessura, tem tela brilhante de 5,5 polegadas, é rápido e leve. Sua estrutura em metal traz um conceito Premium ao smartphone, o que confere beleza e resistência ao produto.
Helder Filipov, designer da marca, liderou todo o processo de desenvolvimento do design desse novo aparelho e conta para o Centro Brasil Design os desafios e expectativas desse projeto.
A Motorola já pensava em fazer uma versão atualizada do Moto Z Play? Quando iniciou esse projeto?
O projeto do Moto Z² Play nasceu logo após o lançamento da primeira geração do aparelho, o Moto Z Play. Sabíamos que o telefone que tínhamos acabado de lançar era revolucionário, assim como toda a família Moto Z, que permite o acoplamento de Snaps modulares na parte traseira do aparelho, mudando completamente o telefone de acordo com a necessidade do usuário. Ainda assim, havia muita coisa que poderia ser otimizada para entregar uma experiência melhor para o usuário final. Queríamos fazê-lo mais fino, deixá-lo mais robusto, mais leve e melhor construído de dentro para fora. No final das contas, queríamos um aparelho mais fácil de ser fabricado, para que o preço final fosse ainda mais atrativo aos nossos consumidores.
E como foi esse processo, quanto tempo durou?
Em setembro de 2015, iniciamos o desenvolvimento do que chamamos de “linguagem de design 2017”, e definimos qual seria a identidade dos produtos e das experiências de todos os telefones Motorola no ano de 2017. Eu trabalhei desde o início dessa atividade e liderei o desenvolvimento da linguagem de design que acabou sendo escolhida como a que direcionou o nosso portfolio de produtos desse ano. Foi uma grande conquista pois, assim, todo o trabalho de design do Moto Z² Play (bem como do Moto G5 e dos outros aparelhos que estão por vir ainda esse ano) teve como referência esse design feito por nós, do nosso estúdio aqui do Brasil. Após definirmos qual a linguagem de referência para nosso design em 2017, fui o escolhido para liderar um dos telefones com maior volume em todo nosso portfolio, e assim o time do Brasil assina o design do novo aparelho.
O projeto teve duração de 12 meses, de março/2016 à março/2017, sendo que boa parte disso é destinado apenas à parte de descobrir como traduzir o que tínhamos em renders e nos programas 3D para a realidade produtiva. Isso incluiu algumas viagens para China, inúmeras horas em reuniões com fornecedores e parceiros chineses e muito suporte do nosso time local.
Quantas pessoas da equipe de design estiveram envolvidas? Quais foram os desafios?
O processo é muito dinâmico, em função da própria velocidade da indústria. E esse, consequentemente, acaba sendo um dos grandes desafios: entregar um produto que tenha relevância para os consumidores, endereçando questões e necessidades latentes, dentro do timing correto do mercado. Para solucionar os problemas, contamos com três estúdios de design dando o suporte durante o desenvolvimento do projeto (são designers alocados no Brasil, meu caso, em Chicago e na China). Em cada etapa, eu trabalhava em parceria com designers de um dos outros estúdios dependendo da demanda do projeto e da expertise necessária para complementar o desenvolvimento. Esse processo é possível apenas por sermos uma empresa global, então, por exemplo, questões referentes à qualidade de execução e processos produtivos são muito mais facilmente contornadas se trabalharmos em conjunto com designers do nosso time na China (uma vez que toda a cadeia de fornecedores está alocada lá e não existe a barreira linguística/cultural entre eles).
Para você, qual é a importância do design desse aparelho ter sido desenvolvido aqui?
O Brasil, bem como a América Latina toda, é um mercado especial para a Motorola. É aqui que vendemos boa parte do nosso volume global, onde temos uma ótima presença em market share chegando a sermos primeiro lugar em alguns países (à frente de Apple e Samsung). Então, nada mais natural do que desenhar o produto aqui na região, com um designer que conhece a cultura brasileira e os regionalismos intrínsecos do nosso mercado. Assim, temos muito do produto sendo feito “dentro de casa”: a concepção, o design, as experiências digitais e a montagem final do produto (uma vez que temos uma fábrica em Jaguariúna responsável pela montagem dos telefones vendidos para toda a América Latina). Tudo é feito aqui, por brasileiros!
Do Brasil para o Mundo, não é mesmo?
Esse projeto tem uma importância muito grande para mim: é um case de sucesso de como é possível projetar, daqui do Brasil, um produto para ser vendido em todo o mundo. O desenvolvimento não é fácil, as variáveis são imensas, essa indústria é extremamente competitiva, mas ver um produto saindo da fábrica com o design totalmente ditado por nós, brasileiros, é um orgulho imenso. Esperamos vender milhões de unidades globalmente, e me sinto muito honrado em ser o responsável pelo design desse telefone. A linha Z é a maior inovação dentro da indústria nos últimos anos, e é incrível escrever essa história junto com a empresa.
Conheça mais sobre o trabalho de Helder em https://www.behance.net/helderfilipov